quarta-feira, 18 de maio de 2011

As minhas neuroses
Não as ponho em uma folha em branco
As desenho sobre a pele
Cada sulco colorido
É um cancro de um sonho perdido
vendido ou jogado fora.

Cada cor é cada dor
Cada traço é cada amor
           desidratado
           flor roxa
           desintegrada
           pelo pouco caso.


As minhas neuroses
Não são neuroses
São melancolias profundas
Tão profundas e profanas
           como uma tatuagem
                      sobre a pele.


E assim rio-me
com cada drágea de dor
que possa aos outros parecer
insuportável ou pecaminosa
marca eterna, etérea,
espinho ou rosa,
certa de que quanto mais as absorvo,
menos posso parecer,
mas sinto-me mais venturosa.


Pois de tudo o que a vida nos reserva,
de tudo o que ela nos oferece,
feliz é o coração que com a dor se preserva
e não o ser que com a queda padece.

2 comentários:

  1. Muito bom Ana Maria!!!! adorei a forma com q tu trabalha com as palavras, da até pra sentir enquanto leio...

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  2. Obrigada, Vidal. Deixando as convenções de lado, amo receber elogios. Sabe, até críticas também! Faz sentir um não-sei-quê de trabalho finalizado. Afinal, quando se escreve, também é para que alguém saiba... senão, os poemas permaneceriam só no pensamento.

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