A maneira oca com que te emendas,
A maneira rala com que me acompanhas,
A maneira tosca com que me acodes na insônia,
pendurando-se em meus braços e pernas,
pendurando-me em teus...
é rara, às vezes grotesca, dantesca,
outras, vitoriana, cesárea!
Quando te enroscas em tuas coxas
que são minhas e no fundo tuas são,
é quando destemperas o sal do meu olho,
choro, verto lágrimas de algodão, talvez;
é como quando arrancasses do pão o fermento,
a massa seca, pálida, cansada, desfalece, embolorada,
é quando no pão como que acrescentasses alento,
vida sem tormento, a massa cresce, avermelha-se,
encadeira-se,
é quando rememoro todas as lembranças
de uma suposta aura ou origem divina,
é quando, de fato, não me mato, mas morro,
e não me socorro mas me socorres e acodes
a pálida máscara, totem ecumênico de amor e miséria.
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