Para onde vão as bailarinas,
Sempre tão jovens, nesta vida?
O que acontece às cinturas de formiga,
À politesse dos finos e longos traços
Que como belos barcos navegam no som?!
Será que as bailarinas,
De tanto dançar sempre são jovens?
Será que a dança é o divino cálice
da juventude?
Para onde vão as bailarinas?
Depois de anos a fileira encantada
De belos cisnes, de esvoaçante pompa
Já não existe, está a fazer compra,
Deitar os filhos, lavar a roupa,
Será que destransformam-se as bailarinas?!
Protegidas pelo véu da dança,
outrora, em criança,
Onde estão as agora velhas
bailarinas?!
Será que jamais danças essas pombinhas?!
Para onde vão as bailarinas,
Cílios cobertos de purpurina,
Saltitantes, em alegria,
Para onde vão essas meninas?
O palco não mais lhes apraz?
Vejo essas velhas cheias de dengo,
Idosas feras longe no tempo.
No que se transformam as bailarinas,
Depois da vida o sofrimento?
Será que tão forte foi o vento?
Para onde vão essas borboletas?
Que viviam às piruetas?
Para onde foram aquelas meninas,
Hoje senhoras e atrevidas?
Será que tão grande é a ferida?
Outrora o vento as embalava,
Agora as arrasta derruba comove.
De onde brotavam cristais de alegria
Agora o sofrimento inunda e chove.
Aquela que sorria já não mais pode.
Dirão, lembrar é a alegria
De uma idosa bailarina...
A purpurina seca branca mas colorida
Brota-lhe dos olhos,
Únicas e pequenas cintilas que lhe restaram
de quando menina.
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