quinta-feira, 26 de maio de 2011

Se me perguntassem de sua beleza eu nada poderia dizer
a não ser o que qualquer ser apaixonado diria:
- A pessoa por quem me apaixonei é linda!

Se me perguntassem sobre o que pensa, fala, faz,
enfim, sobre sua vida eu apenas poderia dizer:
- A pessoa por quem me apaixonei é linda!
Pois quando há paixão, os primeiros a pedirem clemência são os olhos
- em seguida todos os outros sentidos sucedem-se,
desaparecendo,
prateando de apenas luz e uma tênue presença -
a figura do ser a quem se admira.
É impossível ao ser apaixonado
relatar ou definir as minúcias
do caráter de quem gosta,
se, no fundo, sabe
o mal que almeja
- ou o mau que cobiça
e quer para si -, mesmo,
no fundo, sabendo,
esconde de si
como se fosse com outrem o problema.

Esse é o mal dos enamorados:
vêem o que querem, apenas isso,
mesmo quando, como dons-quixotes,
guerreiam contra entidades
fantasmagóricas e irreais
- mesmo quando lutam,
é contra o que querem lutar
pois, repito, os enamorados
apenas vêem o que desejam ver.

Não há absinto, não há ópio,
não há extasy maior
que o de encontrar quem se espera,
ou se procura...
ou se procurou encontrar,
prudentemente ou pior acaso,
em uma alameda qualquer...
a sensação é de que a tal ampulheta
está naquele momento
com sua fenda necrosada, 
cariou-lhe a cintura fina
e por ela nem mais o tempo passa.
Para tantos o amor é algo tão único,
para todos ele pé tão igual...
Enquanto uns vivem de migalhas
talvez da própria imaginação,
outros optam por pagar a refeição.

E assim também há os que matam,
aqueles que salvam,
há os amores daqueles que odeiam,
daqueles que nos rodeiam.

Há amores de todos os dissabores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário