Procurei,
incansavelmente, um adjetivo, substantivo, uma palavra que estivesse
ligada à fobia de tatoos. Mas existem palavras mais contundentes
para descrever essa fobia: preconceito, falta de empatia, falta de
cultura, falta de humanidade ou simplesmente falta do que fazer e
cuidar da própria vida.
Todos
sabemos que o preconceito existe neste mundo, que é tão cheio de
diferentes mas tão cheio de iguais, também... em nosso mundo o
pensamento médio, a mediocridade, impera. Na net há muitos posts do
tipo “acolha todos”, “todos são um só” e essa baboseira
toda... e digo “baboseira” porque parece que é só da boca pra
fora, ou do teclado pra tela!
Sempre
existiu preconceito, sempre existirá, porque a empatia (que é
sentir o que o outro sente, compreender o que o outro compreende)
anda em falta neste mundo que é de nosso Deus, mas que o homem tomou
conta.
Tem gente
que diz que tatoo é coisa de “gringo”. Bem, então, comecemos
novamente:
Tem gente
que diz que tatuagem é coisa de presidiário (alguns presos, sem ter
o que fazer na prisão – pois em sua maioria são enjaulados sem
qualquer programa de reabilitação ou laborterapia – costumam
reunir-se em bandos tanto para sua própria proteção ou para formar
grupos de fuga, mesmo... e alguns acabam tatuando marcas em seus
corpos para identificar-se com seu grupo – a única coisa que possa
parecer um sinal de companheirismo num mundo como o deles).
Tem gente
que diz que tatuagem é coisa de gangue... claro que é, mas existem
grupos de todo tipo e gangues que não se tatuam, também (as mais
famosas e perigosas são as que usam colarinho branco)... O fato é
que se pensa na marca das gangues e não no porquê delas existirem
(produto da solidão urbana e da falta de educação e amor ao
próximo).
Também
tem gente que diz que tatuagem é coisa de gente masoquista (que
gosta de sofrer) e também há razão nisto, tem muitas pessoas que
gostam de sofrer – mas nem todas, aliás, uma pequena porcentagem
tem desenhos pelo corpo.
Poderia
passar muito tempo falando sobre todo tipo de preconceito que a
tatuagem sofre e estaria falando também, muito diretamente, sobre
todo tipo de marcas invisíveis que a sociedade tem, mas isso de nada
adiantaria àqueles que não conseguem raciocinar e de nada
adiantaria para ajudar aqueles que são visados como foras-da-lei por
aqueles de “corpos limpos”.
O grande,
essencial, primordial problema quanto a um preconceito (e não apenas
o reservado às pessoas tatuadas) é quando ele passa do plano das
ideias para o plano das ações e consegue tirar o sustento de
pessoas, seus empregos e chances na vida apenas pelo simples fato de
terem optado pela expressão da arte na pele ou serem diferentes das
outras em quaisquer aspectos.
Venho,
neste manifesto, tentar abrir os olhos daqueles que estão com duas
travas endurecidas dentro dos próprios e clamar pela abolição das
ações preconceituosas no mercado de trabalho e em demais níveis da
sociedade.
Quem
acreditar que somos todos semelhantes e que, dependendo de como
vivemos, aprendemos, exercitamos nossa liberdade acabamos nos
diferenciando tanto interna ou externamente mas que não deixamos de
sermos seres humanos, pense, por um minuto apenas, nas pessoas que
você conheceu e que lhe pareceram “estranhas” a princípio mas
que, depois de conhecê-las, você lhes “tiraria o chapéu”...
pense novamente em outras mais que usam tatuagem (seja por qualquer
que seja o motivo) e que você sabe que já sofreram algum dia (ou
todo os dias, como acontece normalmente) um olhar diferente de outras
pessoas, uma falta de cumprimento de outra pessoa ou falta de
aceitação.
Vilipendiar
o esforço e a qualidade das pessoas em nome de um preconceito
absurdo como este é crime. Deverá ser considerado crime. Pois
assim, muitas pessoas são privadas de sua vida – tanto a
profissional como a familiar como a espiritual como a social e
outras. E ajudar a roubar a vida que todo ser humano tem direito é
crime, sim!
