terça-feira, 14 de agosto de 2012

esse é para você

Perdi a aposta.
Estou abrindo as pernas.
Espacate feito uma bailarina.
Nada de me jogar num precipício.
Quero dançar.
Bailar ao som de uma canção.
De preferência uma ária.
Pouco conhecida...
Nada desses
Tchaikovsky's da vida!

Vou dançar descalça.
Só quero o breu em minha volta.
Quero ser a dançarina
de blues
do meu quadro.
Ou a velha bailarina
do meu poema, que seja...
mas continuarei
a ser eu.

Nunca te quis meu. 
Ó meu antigo par.
Destruidor de valsas.
Nunca vai rolar um samba.
Ou rumba.
Entre nós.
Nunca pularemos
ao som de
um bom
ou velho
rock n'roll.

Sabe por quê?

Porque no seu coração
de leão
não existe canção.
E a música
seja ela ao longe
ou seja vaga
ou seja ao perto
não é para os fracos.

Para ela são
necessários músculos,
fortes,
inclusive
os do coração.

Sua alma
é inconsistente e porosa
como uma peneira:
jamais abraçará uma pepita que seja.
Você nasceu para as pedras,
para o que é bruto
e não tem beleza.

Em você
tem morada 
a tristeza.

Passe bem,
meu antigo amor,
porque nossa estrada bifurca-se aqui.
E jamais, jamais
haverá qualquer som a nos embalar.

Porque minha alma é feliz.
E a sua, um tormento.

Porque em mim
nasce a cada dia
a alegria...
e em você, 
com certeza, 
ela jamais acordaria.

Para você, restam, de mim, os finais -
e esses não são felizes.
Para mim, de você, restam os finais -
e esses não são mágicos.

Agora me vou. 
Vou bailar ao som dos ventos.
De bons tempos vindouros.
Vou dançar para esquecer.
Que um dia dancei.

Que perdi a aposta.

E já estou abrindo as pernas.
Espacate.
Feito uma bailarina.

Nas mãos

    u
 m

a
c
e
n
o


de adeus!


2 comentários:

  1. Me parece que a rede de comunicação telepática está dando seus pulos dentro de nós, e que a vontade de dançar não se restringe às crianças... Hoje sou marmanjo desengonçado, que dança sempre, na alma! Fico feliz de ter uma amiga bailarina, mesmo que no momento, de pernas quebradas (importante ressaltar que, com asas intactas!).
    Bom te ver... mesmo que por um segundo e meio, hoje.

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  2. É, Rafalll Foi bom te rever, hoje, mesmo sem te ver ou falar contigo. Tenho saudades.

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