segunda-feira, 19 de novembro de 2012


 Procurei, incansavelmente, um adjetivo, substantivo, uma palavra que estivesse ligada à fobia de tatoos. Mas existem palavras mais contundentes para descrever essa fobia: preconceito, falta de empatia, falta de cultura, falta de humanidade ou simplesmente falta do que fazer e cuidar da própria vida.
Todos sabemos que o preconceito existe neste mundo, que é tão cheio de diferentes mas tão cheio de iguais, também... em nosso mundo o pensamento médio, a mediocridade, impera. Na net há muitos posts do tipo “acolha todos”, “todos são um só” e essa baboseira toda... e digo “baboseira” porque parece que é só da boca pra fora, ou do teclado pra tela!
Sempre existiu preconceito, sempre existirá, porque a empatia (que é sentir o que o outro sente, compreender o que o outro compreende) anda em falta neste mundo que é de nosso Deus, mas que o homem tomou conta.
Tem gente que diz que tatoo é coisa de “gringo”. Bem, então, comecemos novamente:
Tem gente que diz que tatuagem é coisa de presidiário (alguns presos, sem ter o que fazer na prisão – pois em sua maioria são enjaulados sem qualquer programa de reabilitação ou laborterapia – costumam reunir-se em bandos tanto para sua própria proteção ou para formar grupos de fuga, mesmo... e alguns acabam tatuando marcas em seus corpos para identificar-se com seu grupo – a única coisa que possa parecer um sinal de companheirismo num mundo como o deles).
Tem gente que diz que tatuagem é coisa de gangue... claro que é, mas existem grupos de todo tipo e gangues que não se tatuam, também (as mais famosas e perigosas são as que usam colarinho branco)... O fato é que se pensa na marca das gangues e não no porquê delas existirem (produto da solidão urbana e da falta de educação e amor ao próximo).
Também tem gente que diz que tatuagem é coisa de gente masoquista (que gosta de sofrer) e também há razão nisto, tem muitas pessoas que gostam de sofrer – mas nem todas, aliás, uma pequena porcentagem tem desenhos pelo corpo.
Poderia passar muito tempo falando sobre todo tipo de preconceito que a tatuagem sofre e estaria falando também, muito diretamente, sobre todo tipo de marcas invisíveis que a sociedade tem, mas isso de nada adiantaria àqueles que não conseguem raciocinar e de nada adiantaria para ajudar aqueles que são visados como foras-da-lei por aqueles de “corpos limpos”.
O grande, essencial, primordial problema quanto a um preconceito (e não apenas o reservado às pessoas tatuadas) é quando ele passa do plano das ideias para o plano das ações e consegue tirar o sustento de pessoas, seus empregos e chances na vida apenas pelo simples fato de terem optado pela expressão da arte na pele ou serem diferentes das outras em quaisquer aspectos.
Venho, neste manifesto, tentar abrir os olhos daqueles que estão com duas travas endurecidas dentro dos próprios e clamar pela abolição das ações preconceituosas no mercado de trabalho e em demais níveis da sociedade.
Quem acreditar que somos todos semelhantes e que, dependendo de como vivemos, aprendemos, exercitamos nossa liberdade acabamos nos diferenciando tanto interna ou externamente mas que não deixamos de sermos seres humanos, pense, por um minuto apenas, nas pessoas que você conheceu e que lhe pareceram “estranhas” a princípio mas que, depois de conhecê-las, você lhes “tiraria o chapéu”... pense novamente em outras mais que usam tatuagem (seja por qualquer que seja o motivo) e que você sabe que já sofreram algum dia (ou todo os dias, como acontece normalmente) um olhar diferente de outras pessoas, uma falta de cumprimento de outra pessoa ou falta de aceitação.
Vilipendiar o esforço e a qualidade das pessoas em nome de um preconceito absurdo como este é crime. Deverá ser considerado crime. Pois assim, muitas pessoas são privadas de sua vida – tanto a profissional como a familiar como a espiritual como a social e outras. E ajudar a roubar a vida que todo ser humano tem direito é crime, sim!