- as horas passam lentas e constantes
minutos após minutos
e já nem se lembram de qual instante
em qual segundo perderam o tino...
agora circulam frágeis
etéreas como nuvens
produzindo sombras
nos sonhos de alguém
as horas são malvadas
nos tiram o escalpo colorido dos cabelos
põem bigodes nas faces fêmeas
e nos homens, ah, nos homens... nestes, vitalidade sequer há...
ah, essas horas que nos matam aos poucos
essas horas com que não atinam os loucos
elas tornam podre nossa ascendência
elas detêm nossa consciência
para que nos tornemos senis
para que ultrapassemos a juventude
para que em nosso espírito inverta-se o milagre da vida
e nos transformemos primeiro em inocentes
depois em ingênuos e, por fim,
de bengalas nas mãos,
vivamos nosso paraíso particular,
o das lembranças esquecidas e maus tratos perdoados
sem as pedras da vida
Triste verdade...
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