quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

sobre o tempo


  • as horas passam lentas e constantes
    minutos após minutos
    e já nem se lembram de qual instante
    em qual segundo perderam o tino...

    agora circulam frágeis
    etéreas como nuvens
    produzindo sombras
    nos sonhos de alguém

    as horas são malvadas

    nos tiram o escalpo colorido dos cabelos
    põem bigodes nas faces fêmeas
    e nos homens, ah, nos homens... nestes, vitalidade sequer há...

    ah, essas horas que nos matam aos poucos
    essas horas com que não atinam os loucos

    elas tornam podre nossa ascendência
    elas detêm nossa consciência

    para que nos tornemos senis
    para que ultrapassemos a juventude
    para que em nosso espírito inverta-se o milagre da vida
    e nos transformemos primeiro em inocentes
    depois em ingênuos e, por fim,
    de bengalas nas mãos,
    vivamos nosso paraíso particular,

    o das lembranças esquecidas e maus tratos perdoados

    sem as pedras da vida

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