a carcaça
mutilada
pelo próprio tempo.
sinto-a se desfazendo
entre suspiros e gozos
a mancha ascendendo
e, no fim
no meio dela
vou morrendo
o torpor vai me alcançando
e, pouco a pouco,
já sou eu mesma,
preenchida
inteira
mão - arrepio - toque
na contramão me constranjo
a timidez me empalidece
e minhas pupilas
crescem
ah, se pudessem contar
o que vai no pensamento
uma hora da madrugada
duas três ou mais
ainda encontrarei os
teus cabelos
soltos
em minha mão
enquanto rijos são
os teus ais?
e o tempo passa
como um corisco
e nem de longe arrisco
qualquer som
pois o som pode afastar
o grito da boca
aberta
pronta para o susto...
nessas horas melhor nem falar!
lira delirante!
lira delirante!